sábado, 16 de agosto de 2008

O Conto - 1ª Parte

Ficou alguns minutos se olhando no espelho. Achava que dessa forma se lembraria de como tinha ido parar ali. As únicas lembranças que tinha era de momentos antes de chegar lá. O show foi ótimo. Mas a dor de cabeça e o gosto de guarda-chuva na boca dificultavam sua concentração em lembrar o que tinha acontecido. Pior foi o momento em que acordou. Tenho que ir ver minha filha, dizia a linda portuguesa que tinha dormido ao seu lado. Vou escrever meu número na agenda do seu tele móvel. Será mesmo que ela escreveu? Como saber, se ele nem lembrava o nome dela. Só conseguiu abrir os olhos com a batida forte da porta. O barulho lembrou que a ressaca deixa uma dor de cabeça dos infernos. Ficou olhando para o teto e estranhou o declive. O cheiro forte de cigarro apagado o incomodava. Alguns segundos depois resolveu olhar o quarto e percebeu que estava num motel. A luz do Sol entrava pela janela que tinha uma das vistas mais bonita do Rio de Janeiro. O telefone tocou "a sua pernoite termina em 10 minutos, senhor. Vai querer prolongar?" perguntava a telefonista. Não. Foi uma água e uma coca. "E o maço de Free, né senhor?" Se a senhora ta dizendo, quem sou eu pra discutir? Apos falar isso, lembrou de ter ligado pra recepcionista e pedido um maço de cigarro. Free, Carlton ou Hollywood, perguntou a recepcionista. Ele repetiu a mesma pergunta para a mulher, que respondeu Free. "Daqui a pouco o garçom sobe com sua conta. Obrigada e boa tarde." Aliás, que motel é esse? Ela desligou antes mesmo de ouvir a pergunta final. Ficou mais um tempo deitado até seu estomago exigir que ele fosse ao banheiro vomitar. Enquanto colocava a bebida da noite anterior pra fora, percebeu que tinha feito isso antes e não lembrava. Ficou ali por mais um tempo, pra tentar expulsar tudo de seu estômago. Talvez assim a dor de cabeça diminuísse mais tarde. Tomou uma chuveirada e depois foi para frente do espelho. Pagou o garçom, pegou o ticket e desceu. Antes ainda ligou sem querer a luz de boate do quarto. O piscar da estroboscópica provocou uma lembrança rápida dele segurando a portuguesa no alto contra a parede. Se despediu da recepcionista que perguntou: "Sua acompanhante já foi?" Há muito tempo. "O Sr. vai deixar seu carro aí?" Ele nem lembrava que tinha saído de carro. Colocou as mãos no bolso e viu uma chave que não era sua. A chave era de um carro moderno, dessas com sensores eletrônicos. Bem diferente das chaves do seu fusca 68. A senhora sabe qual é a minha vaga, por favor? "B45." Saiu procurando a chave do fusca e não encontrava de forma alguma. Chegando na vaga indicada pela recepcionista, percebeu que as chaves eram mesmo daquele possante.

... continua